A estreia de Rodrigo Ramos no nosso portal

A Força da Violência
 
Falamos muito que somos complacentes com as pequenas corrupções.
 
Mas pouco dizemos do mau hábito de deixarmos passar as pequenas violências. As quais podem perfeitamente evoluir para atitudes ainda menos positivas.
 
Quando falo dessas pequenas violências me refiro aos que gostam de vencer no grito. 
 
E, infelizmente, muitas vezes isso funciona. 
 
A própria alteração causada em nós pelos berros de outrem torna essa postura lamentável em uma triste estratégia para se atingir certos fins.
 
Claro, corre-se o risco do primeiro alterar de voz redundar em discussão acalorada. Aí, ambos terão perdido a razão.
 
Mas a intenção do alarde, de qualquer forma, foi atingida com quem começou a violentar com a alteração no tom de voz.
 
Ah, mas você está preocupado com gritos em uma sociedade em que há vários crimes violentos todos os dias? Sim, estou.
 
E explico o motivo da minha preocupação. Nos lugares onde alterar o tom de voz e da conversa geram mais efeito que a exposição de argumentos, já estamos perdendo.
 
Deste momento em diante só tende a piorar. Não, não estou pedindo uma sociedade de monges.
 
Sim, eu já soltei vários gritos, boa parte das vezes recheados de impropérios. E, no fim, mesmo que eu saísse teoricamente em vantagem, acabava me sentindo mal.
 
Fica difícil saber se todos têm esse desconforto. Quero crer que sim. Acredito em um mundo no qual a palavra é prata e o silêncio é ouro. Logo, o grito não merece sequer o desprestigiado latão.