Os tradicionais chocolates de Gramado são um dos produtos preferidos dos milhões de turistas que visitam a cidade e tornaram o município referência nacional no segmento. A história entre Gramado e o chocolate iniciou na década de 70, quando o empresário Jayme Prawer fundou a primeira empresa artesanal, tornando o chocolate um item de desejo responsável por trazer pessoas de diversos lugares do país à cidade. Associado à qualidade e tradição, esse produto está perto de receber um selo de indicação de procedência que preserve o chocolate artesanal como uma marca coletiva no município, evitando a pirataria e garantindo padrões mínimos de qualidade. Nesta quarta-feira (12), uma coletiva de imprensa de pré-lançamento do Selo de Procedência do Chocolate Artesanal de Gramado, na Cozinha Experimental do 10º Festival de Cultura e Gastronomia, apresentou os principais objetivos e os benefícios que o projeto traz à cidade. A Prefeitura de Gramado, a Secretaria de Turismo e a Associação das Indústrias de Chocolate de Gramado (Achoco) estão à frente da implantação do Selo, que conta com a assistência técnica da empresa Master Assessoria Empresarial. “O Selo do Chocolate representa a consciência de se fabricar um produto dentro dos parâmetros de qualidade, satisfazendo o gosto de todos os chocólatras. Este Selo irá representar o talento de todas as marcas de chocolates produzidos em Gramado. A Secretaria de Turismo é incentivadora destas ações que engrandecem nosso município e o produto turístico”, ressalta o Secretário da pasta, José Carlos Ramos de Almeida. Segundo o presidente da Achoco, Altanisio Ferreira de Lima, Gramado desenvolve um produto que é referência e está presente em todo o país. A implantação do Selo é uma ação em prol do chocolate de Gramado. “É uma satisfação chegar nesse momento após dois anos de trabalho, quando encaminhamos o Selo ao INPI. Temos o melhor chocolate do país e agradecemos àqueles que no dia a dia se empenham pelo que fazem, por elevar essa marca. Agradecemos também aos governantes municipais, que realizaram os investimentos necessários e reconheceram a importância dessa ação”, relatou Altanisio. O Prefeito em Exercício, Evandro Moschem, lembrou da implantação das primeiras fábricas de chocolate na cidade e dos pioneiros dessa iniciativa, como o empresário Jayme Prawer. “O nosso chocolate precisava desse Selo, valorizando toda essa história. Também temos a humildade de reconhecer que precisamos avançar, que ainda temos o que trilhar. Contem conosco para levar Gramado a todos os lugares do mundo”, disse. A apresentação da regulamentação técnica foi feita pelo sócio-diretor da Master Assessoria Empresarial, Marcelo Adriano, que explicou os processos para a validação do Selo. Selo do Chocolate de Gramado aguarda aprovação do INPI O projeto para a implantação do Selo do Chocolate de Gramado vem sendo executado há dois anos, com investimentos da Secretaria de Turismo e do Conselho de Turismo. Com a contratação, via processo licitatório, de uma assessoria técnica (Master Assessoria Empresarial), deu- se início à primeira fase do processo. Foram definidos os ingredientes e percentuais de quatro categorias de chocolate: ao leite, branco, meio amargo e amargo. Na sequência, trabalhou-se sobre o processo de fabricação, com definições de parâmetros mínimos a serem observados para garantir homogeneidade nos produtos. Em paralelo, foi solicitada à Prefeitura e à Secretaria Estadual de Turismo a definição do laudo de delimitação da Indicação de Procedência (IP), fundamental para comprovação da região produtora com o INPI. Igualmente, foi feito o ajustamento do estatuto da Achoco para adequar-se ao papel de órgão gestor da Indicação Geográfica (IG). O passo seguinte passou a ser a construção do regulamento técnico de fabricação do chocolate, base para a sistemática de avaliação de produto e outorga do Selo às empresas integrantes do projeto. Também foi feito o levantamento de documentação para resgate histórico e cultural da produção de chocolate em Gramado, fundamental para comprovação da tradição local e o vínculo com o território, o que confere a necessária notoriedade ao produto. Uma vez prontos e validados pelas empresas tanto o regulamento quanto o resgate histórico e cultural, foi definido, em maio de 2018, o layout do Selo que caracterizará as embalagens dos chocolates que ostentarão a indicação de procedência de Gramado. Em 2018, finalizou-se uma importante etapa que coloca o Selo mais perto da sua implantação: o registro do Selo de Procedência do Chocolate Artesanal de Gramado no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). O dossiê para solicitação do registro foi entregue ao Instituto em julho deste ano e pode levar de oito meses até dois anos para a legitimação. Só então o selo poderá ser estampando nas embalagens dos chocolates locais. Requisitos visam manter padrão de qualidade do chocolate O regulamento do Selo de Procedência do Chocolate Artesanal determina, por exemplo, o mínimo de 35% de cacau na produção do chocolate ao leite. O mínimo exigido por lei nacional é de 25%. As fábricas também devem usar manteiga de cacau no lugar de gordura vegetal, por não apresentar gordura trans. As regras determinam ainda a produção dentro dos limites do município e o controle e rastreamento dos insumos. A avaliação desses processos é uma das atribuições da Achoco e será realizada nos fabricantes que se associarem para receber o Selo. Após a aprovação do Selo no INPI, a expressão “Chocolate de Gramado” só poderá ser utilizada pelas empresas que aderirem ao processo. Cinco fabricantes de chocolates integram o processo do Selo: Lugano, Caracol, Planalto, Gramadense e Florybal. Saiba mais sobre o Selo de Procedência do Chocolate de Gramado – Indicação de Procedência é o nome geográfico da localidade que se tenha tornado conhecida por certo produto ou serviço; – Entre os benefícios do Selo de Procedência estão a proteção do patrimônio (produto) e da sua imagem; a proteção dos produtores e dos consumidores; a autenticidade do produto, a estimulação de investimentos no setor; – Pelo regulamento, a produção do chocolate deve ter como ingredientes massa/licor de cacau, manteiga de cacau, leite em pó/desnatado e o percentual mínimo de 35% de cacau, no caso do chocolate ao leite. O percentual é ainda maior no caso do meio amargo e amargo; – Pelo regulamento, estão proibidos na produção do chocolate o uso de cacau em pó, soro de leite e gordura vegetal hidrogenada; – Para obter o selo, além de atender os requisitos do regulamento, é necessário se afiliar à Associação dos Chocolateiros de Gramado (Achoco), por ser esta a entidade que será mantenedora do projeto e reguladora do processo. Texto: Manuela Teixeira
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